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Serial killers, quem são eles?

Atualizado: 22 de ago. de 2019

"O psicopata é como o gato, que não pensa no que o rato sente. Ele só pensa em comida. A vantagem do rato sobre as vítimas do psicopata é que ele sempre sabe quem é o gato".

Robert Hare


Serial killers, quem são eles?

O autor da graphic novel, Derf Backdevf, foi colega de escola de Jeff Dahmer um assassino em série conhecido como o “Canibal de Milwaukee”. Antes disso, foi um adolescente e estudante que viveu no interior dos Estados Unidos na década de 70.


O autor utilizou relatos de professores, amigos, lembranças da convivência dele com Dahmer, além de dados do FBI, para escrever “Meu Amigo Dahmer”, contando a trajetória do adolescente até a sua descida ao abismo, quando comete seu primeiro assassinato.


Quando li a HQ fiquei surpreso porque o autor trata um tema tão pesado como o assassinato em série sem glamour ou misticismo, mas, de forma sensível. Algo que o protagonista nunca teve na sua vida.


Backdevf mostra as tentativas sem sucesso de Dahmer para ser aceito nos grupos da escola, a conturbada relação dos seus pais, a dependência cada vez maior do álcool e a descoberta da sua homossexualidade. Essa é uma história sobre abandono e segregação e de como isso pode ter afetado a personalidade de Jeff Dahmer, um jovem com muitos fantasmas.


Dahmer chegava à escola exalando álcool, faltava às aulas para beber e a única vez que foi questionado por um professor, sofreu castigo físico do diretor. Na sua casa o ambiente era pior que o da escola, as brigas entre os pais eram constantes e culminaram em divórcio que teve como consequência o seu abandono. Ele passou a viver sozinho na casa. A falta de afeto o distanciou das relações humanas. Ele vivia num mundo paralelo regado a álcool e fantasias.


Porque essa graphic novel me gerou um mal-estar? Enquanto terapeuta, a história levou-me a fazer reflexões e questionamentos a respeito do quanto a nossa sociedade segrega essas pessoas e, ainda, o quanto são invisíveis para nós até que apareçam nas páginas policiais.


Assim como o autor, a todo o momento eu me questionei se o destino de Dahmer seria o mesmo se alguém, os pais, professores ou amigos, tivessem questionado seu comportamento antissocial e procurassem ajudá-lo. Será que ele teria se tornado o “Canibal de Milwaukee”?


Sabemos que muitas pessoas têm uma vida difícil como Dahmer e não se tornam assassinos, contudo, sabemos também que a indiferença pode levar à tragédia. No caso de Jeff a tragédia era invisível para as pessoas ao seu redor e ele só era notado por suas atitudes bizarras: gritos, encenação de ataques epiléticos ou sua forma de interagir com animais.


Enfim, a graphic novel me fez pensar durante dias: é possível impedir alguém com sérias disfunções psicológicas de se tornar um psicopata? Será que se ele tivesse recebido ajuda psicológica e psiquiátrica sua vida seria diferente?


Não existe resposta única para essas perguntas. Fico com a tese dos psicólogos que acreditam que as pessoas classificadas como psicopatas podem receber tratamento.

Essas pessoas vivenciaram muito sofrimento, geralmente provocada por experiências traumáticas e dolorosas na infância e na adolescência. Uma abordagem terapêutica focada na vida emocional poderia talvez, não os fazer ter uma vida normal, mas ajudá-los a lidar com as próprias emoções e com as outras pessoas.


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